Carta aberta de uma criança que regressa: preciso que me ouças!
Sou criança. Apenas uma criança. Mas uma criança que precisa de ti. Preciso de te ter comigo a cada dia. A cada minuto. A cada segundo. Por isso não estranhes que chame por ti 356 vezes por dia para me ajudares a resolver os meus dilemas existenciais: desde o sapato que se desapertou enquanto tentava montar uma girafa; o pote de tinta que ganhou vida e, naturalmente, se entornou; ou o cabelo que se desprendeu enquanto andava a fugir de um tigre ou de um leopardo… Sei bem que não é fácil dares resposta a todas as minhas solicitações. Mas, pelo menos uma vez por dia, dá-me da tua atenção. Não há nada que me faça mais feliz do que saber que te tenho comigo. Preciso que me dês liberdade. Mesmo que seja dentro de quatro paredes conseguirei, certamente, sentir-me uma criança livre. E não preciso de muito. Em vez de uma folha vinda diretamente da impressora, basta-me, simplesmente, a folha. Em vez de sentar-me a ouvir uma história, basta deitar-me. Para quê uma posição obrigató