Observa-me
Na
correria dos teus dias, olha para o meu brincar.
Por
breves instantes, todos os dias, para e observa-me.
Este
boneco, que hoje trago carinhosamente no meu colo já andou pendurado na minha
mão.
E
estas batatas, meticulosamente colocadas na frigideira, já estiveram espalhadas
pelo frigorífico.
Estes
disfarces, tão bem dobrados e que hoje me permitem ser o que eu quiser, já
foram tapetes espalhados pelo chão.
Aqueles
livros, que agora leio embalado pela melodia das palavras, já foram discos voadores.
E
aquela tinta, que hoje me permite colorir e dar sentido ao (meu) mundo, já foi
tinta espalhada pelo chão.
Quanto
a estes puzzles, aqui tão bem organizados, cada um na sua caixa, já foram uma
confusão num tempo em que não os sabia montar.
Observa-me.
Quando
olhas para mim, com disponibilidade para ver, consegues perceber a evolução do
meu brincar.
Observa-me.
Porque quando olhas para mim, com a atenção que eu mereço e que só tu me sabes
dar, sei que me vais ajudar a crescer, aprender...
É pela
tua observação que surge a intenção.
E
quando achares que vou demasiadas vezes para um qualquer espaço da sala, tenta
perceber de que forma evoluiu o meu comportamento.
O meu
brincar.
O meu
viver.
A voz
de uma criança, nas palavras de um Educador de Infância,
Fábio
Gonçalves
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