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A mostrar mensagens de 2016

Um dia vamos mudar a Educação de Infância...

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As canetas darão lugar aos pincéis.  Os lápis caídos da mão à tinta pelo chão. Haverá cor, muita cor... E não estou a falar de coisas e coisinhas, bonecos e bonequinhas, penduradas ao redor.  Os  painéis  aprumados, tão bem arranjados, darão lugar a paredes que reflitam as vozes das crianças. Só das crianças. (e os trabalhinhos que tão bem sabemos propor não contam!) As trezentas e sessenta e sete datas do calendário servirão apenas para termos a certeza do caminho que não queremos seguir. Haverá terra, muita terra. Saídas na serra. Haverá céu e chão. Passeios no paredão. E em cada criança haverá um cidadão com uma voz na multidão. Haverá vida. Sim, haverá vida. E se o mundo é feito de vida, por que não senti-la? Vivê-la? Haverá lutas no dia-a-dia sem medo de ferir alguma pedagogia. Com espadas e canhões. Polícias e ladrões. Príncipes que salvam princesas… presas em castelos ou fortalezas! As árvores substituirão escorregas… e os seus ramos, mesmo que estreito

Quero fazer-vos sorrir, mais uma vez…

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Hoje não me vou preocupar com as presenças. Vocês nem sabem muito bem o porquê de, diariamente, fazerem uma cruz num quadro que não vos diz nada, ao qual não lhes dão qualquer utilidade, muito menos significado. Talvez nem eu. Não, hoje não. Hoje não me vou preocupar. Hoje também não quero que registem o tempo. Hoje quero apenas que o sintam. E também não quero que se preocupem com matemática quando estiverem a contar os dias de sol, os dias de chuva, os dias de nevoeiro, os dias de seca…. Hoje também não quero responsáveis. Voltemos ao antigamente e votemos de braço no ar…. na ação. No momento. Para cada situação! Hoje não vos quero ver com cara de bola: ora verdes, ora vermelhas e, quando calha, amarelas. Não. Hoje quero olhar para vocês além daquilo que vocês fazem, muito mais além daquilo que é o vosso comportamento. Quero olhar para aquilo que são. Não. Hoje não quero limitar o número de crianças que brincam nas vossas áreas. Sim, vossas...

Quando uma criança avalia um Educador de Infância...

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Parabéns!!! Superaste todas as expetativas que em ti havia depositado. Foste um adulto preocupado e empenhado. Um adulto de referência que dia após dia revelava a sua imponência. Ao nível do recorte estás bem desenvolvido. Consegues recortar coelhinhos da Páscoa como ninguém! E o mesmo posso dizer em relação às flores da primavera, aos bonecos de neve, aos corações do dia dos namorados que, amorosamente, penduras nas janelas. E quando não tens tempo para acabar estes "trabalhinhos" (que dão cá um trabalhão!) em tempo letivo, levas trabalho para casa, para fazeres ao serão! Ninguém faz ideia daquilo que um Educador ainda tem de fazer em casa! O teu traço fino está num patamar semelhante. É incrivelmente surreal a forma como, tão bem, contornas os meus desenhos com um marcador preto. Ao nível do desenho já ultrapassaste a fase da abstração, pelo que as tuas criações nas minhas folhas estão cada vez mais concretas, num nível muito positivo. Con

ENSINA-ME A BRINCAR: Carta de uma criança atarefada.. ada ada ada!

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Gosto de ti. Quero começar por dizer-te que... gosto tanto de ti! Não é da mesma forma que gosto do meu pai ou da minha mãe, do meu cão ou do meu gato, nem será da mesma forma que gosto do meu peluche preferido ou da fralda à qual me agarro todas as noites antes de adormecer. Gosto de ti de uma forma diferente. Um gostar diferente num amor desmedido. Gosto de te ver todos os dias atarefado/a, de um lado para o outro e de um outro para o lado, com atividades, tarefas e experiências que religiosamente preparas para mim e para os meus amigos. Preocupas-te tanto connosco. Todos os dias tens algo novo para me oferecer. Contigo aprendo tanto! Lembras-te daquela atividade em que tivemos de escrever uma história sobre o sapo e o rato? Depois pediste-nos para desenhar a história. Eu fiz um desenho e tu disseste-me “Que lindo”. Aliás, tu dizes sempre “Que lindo”. E eu gosto quando me dizes “Que lindo!”. Contigo começo sempre o meu dia a 120km/h em rotinas e marcações, com cr

Ser Educador de Infância...

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É amar vinte e cinco crianças de vinte e cinco formas diferentes. É agarrar a oportunidade de dar oportunidades. É dar tudo de nós, mesmo nos dias em que só queremos estar a sós. É sorrir quando nos apetece chorar. É dizer «não» quando querem que digamos «sim». É sair fora do quadrado. É estar dentro da caixa e fugir. Saltar. Partir. É perceber o quanto as crianças nos ensinam quando queremos que estejam a aprender. É saborear as paixões diárias que nos são trazidas nas palmas das suas mãos. É olhar para os olhos de uma criança só para os ver brilhar. É sentir um sorriso com o coração. E sentir o palpitar do coração num sorriso singelo. É atirá-las para o ar e fazê-las pensar que vão para a lua. É deixá-las correr, arranhar os joelhos, esfolar os cotovelos,  deixá-las cair … abraçá-las a seguir. É limpar uma lágrima e senti-la… mesmo na ponta dos nossos dedos. É caminhar, para a frente e para trás… lado a lado. É abrir a port

Carta aberta de um Educador de Infância: Quando as crianças me ralham!

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Elas ralham-me. Todos os dias, sem exceção, as crianças ralham-me. Ralham-me quando não as ouço. E eu até gosto de as ouvir. Mas às vezes há coisas mais importantes para fazer ou papéis para preencher. Ralham-me quando sugiro que se sentem com a entoação do verbo “mandar”. Ralham-me quando não como os bolos de plasticina que meticulosa e delicadamente preparam para mim… porque, segundo eu próprio, os bolos fazem mal à barriga. Ralham-me quando não me sento a ler-lhes uma história. Não, não é isso… histórias eu leio, todas as semanas, todos os dias… estou a falar daquelas histórias ouvidas ao colo… aconchegados no conforto e na simplicidade de uma biblioteca, ao som da melodia de um terno abraço. Ralham-me quando não lhes desperto aquele gosto pela leitura… aquele gosto que tão poucos reconhecem e tantos desconhecem! Ralham-me quando lhes digo que sim, só porque sim e lhes digo que não, só porque não. Ralham-me quando não lhes explico ou lhes dou uma ra