Um dia vamos mudar a Educação de Infância...
As canetas darão lugar aos pincéis.
Os lápis caídos da mão
à tinta pelo chão.
Haverá cor, muita
cor... E não estou a falar de coisas e coisinhas, bonecos e bonequinhas,
penduradas ao redor.
Os painéis aprumados, tão bem arranjados, darão lugar a paredes que reflitam as vozes das crianças. Só das crianças. (e os trabalhinhos que tão bem sabemos propor não contam!)
As trezentas e
sessenta e sete datas do calendário servirão apenas para termos a certeza do
caminho que não queremos seguir.
Haverá terra, muita
terra. Saídas na serra. Haverá céu e chão. Passeios no paredão.
E em cada criança
haverá um cidadão com uma voz na multidão.
Haverá vida. Sim,
haverá vida. E se o mundo é feito de vida, por que não senti-la? Vivê-la?
Haverá lutas no dia-a-dia
sem medo de ferir alguma pedagogia. Com espadas e canhões. Polícias e ladrões. Príncipes
que salvam princesas… presas em castelos ou fortalezas!
As árvores substituirão
escorregas… e os seus ramos, mesmo que estreitos, darão baloiços perfeitos.
O piso sintético será...verde
relva... a qual as crianças utilizarão como uma autêntica selva.
As festas acabarão...à exceção das que são feitas na cara e que tocam o coração. Festas no
reino da emoção!
As mesas servirão
apenas para trabalhar matemática… de forma acrobática... Em cima da mesa, em
baixo da mesa, de cima para baixo, de baixo para cima... e para saltar de um
penhasco para um lago de crocodilos ferozes! Sem medos, receios, dúvidas ou
anseios.
As cadeiras serão trampolins
que as farão saltar...para um mundo que as fará acordar. E sonhar… sonhar! Oh,
sonhar!
Os grafismos irão
desaparecer a cada amanhecer. E se não desaparecerem, que sejam feitos enquanto
seguimos a trajetória do vento. Temos tempo.
E os números servirão apenas para contabilizar (e valorizar) o tempo em que as crianças não estiveram a raciocinar (com lápis na mão... papel na mesa... e contar, contar, contar... desenfreadamente contar, contar, contar... será tão difícil perceber que não é assim que se aprende a pensar?).
O tempo de recreio vai
acabar. E com ele os joguinhos orientadinhos que promovam competenciazinhas…. Muitas
vezes camufladas de brincar. (Calma, estou a falar de recreio. Não de exterior!).
Os desenhos todos
iguais, os quadrados, as atividadezinhas onde todos fazem o mesmo, e essas
coisinhas assim, que em nada potenciam o desenvolvimento da personalidade das crianças
também desaparecerão… e não preciso justificar a razão.
Os robots que a cada
dia tentamos construir darão lugar a crianças... Crianças que saibam sorrir!
Em vez de robots estereotipados,
seres formatados... Crianças que saibam optar, criar e criticar, pensar,
inventar e fazer, experimentar... opinar...viver!
A reprodução dará
lugar à criação. Com criação haverá criatividade. Independentemente da idade.
O azul para meninos e o
rosa para meninas… Essas cores que tão bem determinas... Esqueçamos essas
doutrinas.
E o papel... Ai o
papel...esse será apenas utilizado por mim...só porque tem de ser assim...e porque
alguém manda em mim.
E os pais irão deixar de olhar para a sujidade. Deixarão de perguntar pelo seu comportamento como se de um animal de estimação se tratasse.
Os pais....A primeira coisa que os pais perguntarão, quando as forem buscar, será:
- Foste feliz hoje?
E elas responderão, com um singular brilho no olhar:
- Sim, hoje fui muito feliz!
Sim, para serem felizes. Mudemos a Educação de Infância para que elas sejam, acima de tudo, crianças!
Se as deixarmos serem crianças, serão naturalmente felizes!
E ser feliz... não é o mais importante?
Um Educador de Infância,
Fábio Gonçalves
Como já dizia Sebastião da Gama " Pelo sonho é que vamos..." porque o mais importante é mesmo Ser feliz.
ResponderEliminarComo sempre o Fábio chega à essência da questão. Sempre que leio um texto seu apaixono me, revejo a ideia simples e natural que tinha quando tirei o curso e que pela conveniência fui levada a esquecer...sabe bem estas chamadas de atenção. Façamos das nossas crianças seres felizes, pois é tudo o que verdadeiramente interessa.
ResponderEliminarHá muito tempo que não escutava palavras com sentido de sentir e que falam do carinho de estar e de educar. Porque para bem educar é preciso Estar e SER, com vontade de SER FELIZ! Gostei muito e desejo que a acção seja tão bonita quanto as palavras deixaram antever.
ResponderEliminarQue maravilha de blog, ótimo que exista pessoas tão dedicadas assim,com nossas crianças PARABENS Cristina!!!
ResponderEliminargostei!muito bom...parabéns!
ResponderEliminarMaravilha!!obrigado por nos dizer que não somos loucos!!!!
ResponderEliminarParabéns pela excelência deste Blog!
ResponderEliminarFábio, um desejo de ano novo:
ResponderEliminar«Que as crianças inspirem o Fábio a escrever de novo no blog!»
A educação da infância precisa dos teus apontamentos.
Feliz ano novo 🎉
Maravilhoso! Para quando? (Só quando deixarem de mandar em mim)
ResponderEliminarParabéns, muito bem escrito!
Tudo verdade e com muitos desafios para todos nós! Mas também é verdade que vejo quase sempre muita alegria nas salas de JI onde tenho entrado ao longo dos anos (quer como mãe quer como professora de Música). Mas há sempre margem para melhorar! 😉
ResponderEliminar👏🏽👏🏽👏🏽
ResponderEliminarParabéns
ResponderEliminarSem palavras....o texto dispensa qualquer comentário, .....é isto , é disto que precisamos ...
ResponderEliminarTanta demagogia!!
ResponderEliminarEste comentário foi removido por um gestor do blogue.
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